Ton Sur Ton - Case de design para butique
Tom sobre Tom. Um dos projetos elaborados na primeira metade da década de 1980 por Cynthia Araujo, quando era ainda uma das sócias da A3, foi para a Ton Sur Ton, uma grife de roupas e acessórios super descolados e carregados de informação que fazia a cabeça da geração Ploc.
Basta perguntar para quem já passou dos 40, para saber qual era a agenda "manera" e mais desejada na lista de presentes do amigo oculto no fim do ano. Tudo uma criação artesanal de Cynthia.
Falar dos anos 80 é lembrar não só das cores vibrantes como verde limão, rosa choque, azul, roxo, amarelo, vermelho e laranja que davam tonalidade à juventude e invadiam as vitrines e as araras das butiques femininas da época, mas de como os centros comerciais tornaram-se um espaço de lazer e experiências para ir com os amigos. Isso os tornava o novo centro social da década de 1980, além das compras.
Nesse período, a classe média se expandiu. As pessoas ficaram mais obcecadas pelo consumismo. Um estopim para a indústria de shopping mirar a abertura de mais centros comerciais em diversos bairros, e todos repletos de lojas das marcas mais desejadas pelos meninos do Rio e garotas douradas.
A grande jogada foi o fato dessas butiques famosas começarem a contratar adolescentes para trabalhar em shopping e , invariavelmente, gastar parte de seu salário no próprio local.
De certa forma, isso impulsionou o surgimento de conjunto de novos consumidores que se tornaram fieis a grifes mais que as gerações anteriores. Algo como criar uma identidade vestindo algumas marcas populares. Fora que ir ao mall ganhou aspectos culturais para os jovens.
Hoje, diante de tanto recursos tecnológicos é meio complicado imaginar . Porém, nos anos 80 a situação era exatamente contrária. Os designers na época não conseguiam imaginar integração dos computadores à prática do design gráfico. Como uma imagem gerada por pixel ou bit poderia substituir um traço manual, já que o design gráfico exigia (ainda exige) firmeza e obsessão para trabalhar com nanquim, fazer círculos perfeitos, linhas paralelas e equidistantes e espaçamento correto entre as letras. Vamos combinar que nesse ponto as máquinas superaram todas as expectativas.
"Não havia computador. Usava-se na papel Schöller e guache", conta a designer.
Mas voltando à loja Ton Sur Ton, um termo francês que significa tom sobre tom - que tem tudo a ver com design - refere-se o uso da mesma cor em intensidades diferentes. E foi baseada nessa ideia minimalista de mistura de elementos claros com escuros, para proporcionar o efeito tom sobre tom, que a futura diretora da CLA desenvolveu um design lúdico e criativo para loja, incluindo o logotipo que foi feito a quatro mãos com Evelyn Grumach, sua sócia à época.
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